domingo, 13 de janeiro de 2008

Cantos epifânicos para Milkshakes carentes

Chegado o verão, um calor no coração... e um buraco no estômago. A cidade completamente invadida por turistas e campinenses, estes mais que aqueles. Tudo muito movimentado, muito lotado, e eu tentando me esquivar dessa magia colorida. Sabe como é, coisas da vida. E tudo mais parece um cáos quando se é sexta-feira e se está absurdamente 'brocado' - no melhor jargão portovelhense.

Juntando essa agorafobia à vontade de comer, me dirigi até o Bob´s da praia de Tambaú. Ninguém nas mesas, quase fechando e o melhor: sem fila. Também, 23:30. Um horário não muito feliz para se tomar um milkshake ovomaltine tamanho médio (500 ml de gorduras totais, fatais, letais e etc.), mas vá lá. A minha vontade de comer estava arrazoadíssima, diga-se de passagem.

Fiz meu pedido e, enquanto aguardava a aprovação da compra e preparação do shake, fiquei viajando, literalmente, em quanta informação é empurrada para o consumidor. Além dos diversos produtos, diversos preços e tamanhos, hoje há a oportunidade de se acrescentar ingredientes ao sanduíche. Tudo eles oferecem: presunto, cheddar, até ovo, ao acréscimo 'des'considerável de R$ 0,40, o ingrediente. A única coisa que era oferecida de forma gratuita e não opcional era a transmissão de um show Gospel. Mara Maravilha, Aline Barros, Robinson - o anjinho, Conrrado e a esposa, Andréa Sorvetão, num editadíssimo piratão.

E quando dei por mim - estava aqui!, com essa (outra) viagem:

POR QUE carambolas todo estabelecimento comercial onde evangélicos protestantes são os donos, sempre tem que rolar uma pregaçãozinha, ainda que de leve, de brinde? Pow, é venda ou mera promoção do seu pensamento religioso?

Tá que nem uma certa amiga que se lembrou duma ocasião em que ao entrar numa casa comercial, deparou-se com a frase: "Breve Jesus voltará!", e espantada retrucou: "Gente, mas pra onde ele foi?" Rs!

Agora... até onde eu saiba o Estado é laico. E se o 'filho do dono', certa vez, já voltou sua ira contra a humanidade por fazer da casa de seu pai comércio. O Bobs é que não poderia bancar o 'dono do mundo' ao prover entretenimento para as pessoas, para ganhá-las. A religião é qualidade subjetiva, se constrói e não se vende. E engordar a mente dos clientes do Bobs com pocket show gospel não é nada saudável. Quer dizer, nada alí é.

Enquanto isso, na sintonia: (8) Mandinga, não! - Ana Cañas.

Um comentário:

Rafael Campos disse...

minha revolta maior é pensar que, no momento em que você se coloca pensando diferente do que eles pensam, o fogo do inferno já chega no seu rêgo. existe toda uma preocupação com exaltar a misericordia divina, mas ela só existe pra quem compartilha de uma crença que nem eles mesmos entendem.