sábado, 28 de junho de 2008

Quadrúpede

Lembro que quando criança costumava andar apoiado nas mãos mesmo muitos anos depois de ter aprendido a andar. Mas, diferente de como fizeram-me acreditar, não costumava engatinhar para aparecer. Fazia - e isso me é bem mais claro hoje - porque gostava de enxergar o mundo através de um ângulo diferente. Era bom ver como as coisas funcionavam numa outra perspectiva. E nessa brincadeira, as árvores ao invés de estarem apoiadas no solo, mergulhavam no céu azul. Nas casas entrava-se por cima. Havia mãos no lugar de pés. Desde então, lidar com o mundo, quando tudo se está de cabeça para baixo, pode ter um gosto de brincadeira, passatempo. Passa tempo!

todo mundo espera alguma coisa de um sábado

É só voltar a trabalhar, para se entender toda a beleza e importância de um sábado à tarde.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Diálogos internos, nº 2

- Cláudio, você, por acaso, estava olhando pra bunda daquela garota?
- Sim amor, mas foi só por acaso.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

- Tem fogo?
- Sim, cláro, mas você pode me ver um cigarro desses seus?
(hum)
- sim
- Ah... e me paga uma cervejinha?
(Grrr)
- Não quer mais nada não?
- Apressadinha você, heim?!






Caipirinha de Saquê

6o ml de saquê
1/2 xícara de chá de gomos de mexirica
1 colher de sopa de maracujá
gelo picado
açucar a gosto



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Mina do condomínio - Seu Jorge - 2007

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Astrologia


Talvez a cidade de São Paulo seja repleta de piscianos por um motivo: o inverno. Friozinhoão, endredon e moooonita vontade de comer, pode acabar em bastante coisa reprodutiva. E assim, dá-lhe piscianos no mundo, e dá-lhe sentimentais, altruístas, pessoas que sempre se atrasam, e que mudam de opinião com a mesma facilidade de como dormem. Hum, quem dera ser um peixe...

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You give me something - James Morrison - 2004

terça-feira, 10 de junho de 2008

Dizem por aí...


"Criador e sua criatura, separô diante de mim quando minha tristeza era parte do dia... mas pude perceber que muitos passarão e outros tantos passarinho." Em Soda Cáustica e Guaraná, por Ná.

... para o Rafa, "gamemaníaco que é gamemaníaco coloca os toques do celular com musiquinhas clássicas de Final Fantasy. Consegue discutir a filosofia de Metal Gear Solid e sabe muito bem quais os motivos que fizeram Kratos se tornar o deus da guerra". Se você tá por dentro disso tudo, depois me diz o que achou da lista dele sobre os melhores games de todos os tempos.

... cada mãe sabe a filha que tem, a da shoo shoo, por exemplo, como boa psicóloga que é presenteou a filha com, nada menos que, o livro "Temperamento Forte e Bipolaridade". Transtornada?

...apesar da obsessão atual com o tamanho da sua bunda, a boo, ainda assim, é 75% a carinha da Mandy Moore. Digam se não é?

... e a Cristina, pra encerrar, mostra que até aqui, na Gotan City, temos um lindo pôr do sol:


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Volte para o seu lar - As Chicas - 2006

domingo, 8 de junho de 2008

Imagens do Consumo

Pra você ver o que é a força do pensamento: bastou eu parar para processar um pouco sobre a lógica moderna do consumo, que me caiu às mãos o trabalho do fotógrafo Chris Jordan, que através do seu trabalho protesta sobre o excesso do consumismo moderno.

106.000 latinhas foram usadas para montar esse desenho. Esse é o número de latas de alumínio utilizadas nos EUA a cada 30 segundos.

32 mil bonecas barbies representam o número de cirurgias para aumentar os seios realizadas nos EUA em 2006, ah!, mensalmente.


Nesse caso um milhão de pontos de ícones da sociedade de consumo, valem mais do que quaisquer números referentes à dimensão do desperdício. Lixo que a gente finge que não vê. Vê?

Mais? aqui.

Não quero luxo, nem lixo


No desvairio dessa Paulicéia, vou, aos poucos, me acostumando com o cotidiano paulistano enquanto os velhos hábitos e costumes das terrinhas tropicais passam se tornar lembranças boas - e sempre quando as penso me vem o gosto de saudade, mas chega de saudade! Afinal, é preciso concentrar forças para não acabar dispersando o minguado contingente de neurônios que possuo no trabalho de cognição e reconhecimento da nova fronteira. De outra forma, eu correria sérios riscos de questionarem a minha capacidade mental em razão da cara de deslumbre com certas peculiaridades da terra de céu cinza.

Circulando por essa cidade, me peguei pensando um pouco sobre o consumo de bens de luxo. São Paulo é um estado de economia monstra e forte. Há muito dinheiro circulando, muita grana no bolso de boa parte da população, e é preciso dar vazão a toda essa riqueza. O luxo e a elitização já não se expressam de maneira quantitativa. Não pode mais quem mais tem. Esbanjamento ostensivo é, definitivamente, coisa de emergente. Hoje, o consumo não é apenas uma expressão de aparência, mais do que isso, é uma forma de expressão cultural. A estética e a sofisticação afetaram a prática do consumo. Como a moda, as novas formas de consumo são dependentes de demandas emocionais.

Ontem, por exemplo, estava eu, topetudo e agasalhado, caminhando e cantando e seguindo a canção, quando me deparei com uma “quitanda” de luxo, onde se preparavam saladas de fruta. Mas não eram reles saladas, 'meu'. Imagina! Eram feitas com frutas selecionadas pelo próprio cliente que escolhia cada peça a ser descascada, todas expostas numa vitrine. Como escolhas de lagostas, ou algo do tipo. O sabor de uma salada de fruta eu sei colé, mas qual o sabor do luxo?

E assim foge-se da conta restaurantes com sushis de pescada cultivadas em água salgada artificial enriquecida com minerais; agasalhos feitos ‘do pêlo rei de carneiros geneticamente modificados do Afeganistão’ (pra quem conhece aquela excelente esquete do terça Insana, abaixo), etc. Como diria na minha terra: “É o fresco, é?”. Mas tudo em nome da exclusividade. Isso tudo são coisas dos Jardins, coisas de São Paulo.








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PDA ( We just don´t care) - John Legend - 2006

terça-feira, 3 de junho de 2008

Solidão à tarde

Gastava tempo pensando no quanto me demoraria para achar algo que pudesse desmentir àquela beleza. Um exercício totalmente vão, pois, talvez nunca fosse possível chegar a algum tanto que me desencorajasse de seu encanto. E ainda assim, ainda que me deparando com qualquer diminutivo capaz de negar-lhe o absurdo, este foco inútil dificilmente me cegaria do brilho daquele sorriso, que mal cabia nela, de tão pequena. Mas que de outra não poderia emanar, de tão única.
Pensando que disfarçava bem aquele trejeito debochado tão latente, mostrava-se por dentro o que os distraídos não enxergavam por fora. E nessa ternura fugitiva, nos seus risos fora de hora e nos momentos de braveza nas horas mais certas, me seduzia a ser eu através disso tudo. E naquelas noites cheias de estrelas que distraíam a todos, era aquele pequeno astro que me encadeava e tirava-me de órbita. E me fazia rir como quem tempos já não fazia.


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Mi Confesion - Gotan Project - 2006

domingo, 1 de junho de 2008

Imagine a sensação que se sente ao procurar algo de bom para se fazer numa tarde tediosa de domingo, e o caderno B do jornal local oferece como programação um show ao vivo de Macy Gray. Ah, e tudo grátis!



Imaginou? Pois é.

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I try - Macy Gray - 1999