quarta-feira, 28 de maio de 2008

Que me desculpem os argonautas, mas antes que navegar, é preciso comunicar-se. Quem mal se comunica, se instrumbica muito bem, no melhor chavão chacrinhano. Pois, ora: Se não é através de uma conversa hilária, dum elogio inesperado, um sorriso espontâneo, um diálogo franco, um discurso coerente, dum olhar 43 - aquele assim de lado, que conseguimos doar a intensidade de nossos universos particulares a outros tantos universos, qual seria a outra forma de se criar vínculos? É através da comunicação que as idéias e emoções mudam-se de origem, para o espaço dos pensamentos e sensações alheios, e ali vivem sempre mais amplamente.


Agora, convenhamos aqui que conseguir comunicação com indivíduos [que, inclusive, supõe-se níveis semelhantes de atividade motora e cerebral] nem sempre se mostra uma tarefa fácil. Tudo bem, às vezes recorremos à caneta esferiográfica e papel. No caso dos meus três primos - 1, 2 e 3 anos, por exemplo, essa metodologia de comunicação é altamente eficaz: lápis e papel. Mas nem sempre. Nem tanto.

Vez ou outra, esses três miniatura de gente me mostram o quanto a minha habilidade em decodificação de mensagens de transeunte é viciada aos moldes do meu universo. O quanto sou burro em não enxergar ao que está fora do papel.

Veja: eles adoram brigar brincar de lutar. Aproveitam das oportunidades dos nossos encontros e armam o ringue e dão início a rounds intermináveis. Vestem suas capas e partem pra batalha. Eu os derrubando, e eles fazendo o que podem para me dar nocaute. De repente, um pequeno 'SE JOGA' sem aviso prévio, nem intimação, não sei da onde, mas sei pra onde: pra cima de mim, sem nenhuma preocupação com que eu o apare.


E nesse exercício dinâmico de coragem, meus primos conseguem me comunicar que a total confiança na vida é que pode fazer alguém se lançar no mundo com essa mesma coragem, determinação e alegria. Sem lápis nem papel. Sem palavras. Comunicando, ainda que se istrumbicando.

Por isso que eu digo, antes que navegar, é mais preciso comunicar.

E você? O que tem a me dizer?


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After Tonight - Justin Nozuka - 2008

8 comentários:

Loredana disse...

É verdade,o tempo vai passando nós vamos nos prendendo as linguagens cada vez mais específicas , seja tecnica-científica seja a lingua do "gueto",ou uma gíria particular de um grupinho de amigos , mas nunca paramos pra pensar o quanto isso é pouco pra se comunicar perfeitamente. Numa simples lutinha no ringue com os pequenos , a linguagem corporal junto a ingenuidade do "não ter pelna noção do que vai acontecer quando cair no chão" nos faz entender a sutil diferença entre "eles" e "nós" ... ele não sabe que pode machucar muito quando cair,porque ele nao calcula que pode cair no chão , ao invés de cair emcima de voce,meu caro.Nós ja temos essa noção.Mas arriscar é viver e é muito,muito válido.
Muito interessante esse paralelo feito entre o ousar,a conragem e o comunicar-se.Tive uma outra interpretação que não gostaria de expor aqui,a gente conversa sobre ela outrora.
- Perfeito o texto.

te amo H.F

Anônimo disse...

Olá!
fica até difícil fazer um comentário descente depois dessas lições de comunicação escrita, visual e cerebral!! comunicação escrita estou aprendendo nas aulas de comunicação e expressão xP agora visual e "quase-paranormal" é só vivendo msm...

Anônimo disse...

Olá!
fica até difícil fazer um comentário descente depois dessas lições de comunicação escrita, visual e cerebral!! comunicação escrita estou aprendendo nas aulas de comunicação e expressão xP agora visual e "quase-paranormal" é só vivendo msm...

Mia disse...

Não posso dizer nada, já que ando numa semana típica dos seus priminhos - muuuita pressão. Daquele tipo que "não pode ser contrariado", sabe? Pois é... se a pessoa não quiser levar uns tabefes seguros ou escu~lhambações bailantes, não me pergunte com contrariedade ou não se meta no meu caminho. Se quiser trocar de canto comigo, à vontade! =P
=*

Renata disse...

O que eu tenho a dizer é que a cada dia mais eu gosto de "conhecer" as pessoas da internet, "ouvir" o que cada uma tem a dizer no seu jeitinho peculiar de transmitir a sua mensagem. É engrandecedor!

beijocas procê,
Re

Raquel Guedelha disse...

Eu não me estrumbico!

Oi :)

Rafael Campos disse...

1. obrigado pelo uso da palavra "apare"... fazia um tempao que essa corruptela nordestina não surgia aos meus olhos, achei super digno vc aparar seus primos

2. senti uma certa lisonja ao você falar em comunicação. e um receio também... se eu falar merda, que adiantarão os quatro anos?

3. e, resumindo, depois de entrevistar funcionários públicos educados, funcionários públicos maleducados, travestis, adolescentes que se beijavam na minha frente, artistas, pseudoartistas, amigos, ilustres desconhecidos, idosos, crianças, crianças ensandecidas, crianças chorosas, familiarees e mais várias outras categorias eu acho que voce manter esse esforço é extremamente válido.

4. e se eu não disse nada que fizesse sentido, é mais por causa que eu acho muuuuito difícil falar de comunicação... tenho medo.

:~~~~~

Séfora disse...

Espera eles criarem consciencia da vida que eles vao enfrentar nesse mundo doido e a coragem some. Na nossa loucura de cada dia o que queremos é segurança, e muitas vezes comunicamos isso às pessoas atraves de nossas posturas defensivas. O condicionamento a que o ser humano está submetido muito afeta a nossa comunicação com os nossos semelhantes.
;)