quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Cotidiano, nº 04

Hoje me sinto feliz e pleno. Também, não era para menos, afinal de contas, estou fazendo três meses de namoro. Pena que eu só descobri isso hoje, sendo mais preciso, na hora do intervalo para o almoço, sem tempo para algum presentinho. Não que eu tenha deixado passar uma data dessas tão importante, só não sabia sequer que havia algum bem para chamar de meu.

“Oi Caio, tudo bem?”

Meu nome não é Johny Caio!, mas com que diabo ela fala, senão eu? Como não havia ninguém por perto, era impossível ignorar àquele chamado da menina com strass no incisivo lateral esquerdo (minha esquerda) que me sorria largamente com um olhar de intimidade. Só havia um único “Caio” solitário na mesa do refeitório: Eu! Confesso, fiquei tentado a não responder e ignorar à figura efusiva voltando a atenção para o Vale a Pena Ver Dinovo (só pelo prazer de não ser simpático em proporções recíprocas quando convém ser, isto é, Carão!), mas era ambiente de trabalho, então, vá lá...

“Meu nome não é...”

“Você tem uma cara de Caio. Desde quando te vi no andar de Operações, disse que você seria Caio” emendou a menina, sem tempo para as devidas identificações.

Eu sorri de lado, para não escapar algum feijão ou arroz que tinha esquecido de continuar a mastigar. E mesmo antes de engolir o ‘bolo’, o alimentar, ela continuou o “diálogo”. Disse o quanto achava ‘da hora’ meu quase-irreparável moicano, e que me preferia sem barba. Que meu diastema era um charme, mas que eu comia muita beterraba. Que fazer todo dia um lanche às 11 da manhã, atrapalhava meu almoço. E que era preu me cuidar – essas coisas que diz toda mulher, mais da coluna, e ao atravessar à avenida fora da faixa, como eu fazia. Tudo conforme uma cuidaosa namorada de longa data deveria ser.

Por minha vez, lamentei desconhecer os seus hábitos coporativistas e alimentares, mas pedia desculpas. “Sabe como é, coisas de homem...”. E foi tudo.

“Mas fala mais, fala alguma coisa! Quero ouvir esse seu sotaque não-sei-da-onde”.

Mas não havia mais tempo. Era preciso bater o ponto.

E esse foi nosso primeiro e último encontro. Mais tarde descobri que era o último dia de expediente naquele banco onde prestava um trabalho terceirizado. De volta à sede da empresa, sem oportunidade de revelar a identidade do Caio, acabamos a relação por alí mesmo. Digo, por aqui.

9 comentários:

Rafael Campos disse...

depois me pedem pra prestar atenção em gente doida...

¬¬

Anônimo disse...

Nas palavras de Regina Duarte: Tenho medo!!
No meu trabalhinho tem pessoas loucas, mas não tão patologicamente loucas...
Beijos

Anônimo disse...

quer dizer então que estás livre?

Ana Fontes disse...

Você é COM CERTEZA uma peça!
Peça rara!
Viajei no seu post...
Rs!
Bom final de semana pra ti!
Beijos

Anônimo disse...

acho que é mais medo do impulso. o ser humano tem mais medo de saber voar do que cair... mais medo do improvável, sabe?

eu quero mais é ser empurrada. sempre quis voar... kkkk

lindo o texto né? amei! ;)

Cristina disse...

Nossa... rs

Então, Heber, agora estou morando em Campinas - e esperando uma oportunidade pra voltar pra Sampa. Ou não ;]

Loredana disse...

querotudoporemail.

meu amor

ps.: adorei, ou nao?

ART disse...

juro que eu contava com um final mais feliz...

Anômima disse...

Bom, pelo menos vc teve um fato curioso no seu dia. Pior quando é tudo rotina, rotina, rotina...