Retrospectiva: palavra que, geralmente, só ouvimos na ocasião dos últimos dias que antecedem a virada de ano. Mais que um exame de consciência, o termo que vem do latim Retrospectare (espetar atrás) sempre esteve relacionado com o exercício de memória que bem ou mal nos auto-estipulamos a cada intervado de doze meses.
Carlos Drumond de Andrade, uma vez, considerou genial o indivíduo que teve a idéia de cortar o tempo em fatias, industrializando a esperança que se renova no limite da exaustão a todo ciclo. Penso que se algum bem-aventurado resolveu industrializar o tempo, ótimo!, pelo visto, só nos restou, então, comeciar as retrospectivas de um ano.
O ser humano é uma obra perfeita mesmo!, veja, conseguimos transformar a retrospectiva num subproduto do comércio: serviço sem qualidade e resoluções a baixo custo, de preferência,de forma rápida e de fácil digestão. Momento de refletir? Que nada! É hora de fechar a conta e passar a régua.
E graças à cultura pop das listas, retropesctiva virou panetone e, no final das contas acabamos simplificamos ao máximo o exercício historiográfico em diversos rakings e top pareds. Passamos a cultuar as lembranças do passado de forma caricata e preguiçosamente fácil. Engraçado foi como consiguiram embrulhar um substantivo - retrospectiva -, que de pronto nos remete ao passado, de uma forma tão próxima ao adjetivo 'previsível'. Agora, essas palavras além de óbvias, quase sinônimas. Tudo o que precisamos é valorar, sob quaisquer parâmetros que nunca importam, os fatos do ano e fazer a relação.
Nessa capitalização do ano que ficou pra trás, quase que sempre o resultado final é o mesmo. Todo ano, tudo igual: todas as maiores desordens e tragédias criminais e policiais de destaque na mídia envolvem algum personagem da classe média; ribulações políticas e judiciais dos mais inéditos e inimgináveis casos de corrupção nos país dOs Bruzundangas que nos parecem sempre mais apáticas; provavelmente um grande time cai para a segunda divisão; certamente o campeão do Big Brother Brasil estará na lista das personalidades do ano, ao lado da atriz que faz a vilã da novela das oito (a mais vista dos últimos tempos), destaque também. O mundo se derretendo e a floresta queimando... e nós aqui.
Gostamos da condição de telespectadores e os especiais televisivos de fim de ano.
Não parece simples? Nada menos difícil do que a tarefa de retrospectar. Tudo muito fácil de prever. Certo cantavam os Mamonas Assassinas, uma letra de música onde começa com a pérola do óbvio ululante: "no mundo animal exeste muita putaria"... e mais pra lá a máxima:"e as vaquinhas que por onde passam deixam um rastro de bosta". Colocando o rastro da vacas mais próximo do que se imagina, quase uma analogia lulística. Original.
Diferente do que conseguimos sem interesse: tornar mais óbvio o próximo ano, aquela fatia fruto da idéia tão genial do indivíduo que dividiu o tempo.
Carlos Drumond de Andrade, uma vez, considerou genial o indivíduo que teve a idéia de cortar o tempo em fatias, industrializando a esperança que se renova no limite da exaustão a todo ciclo. Penso que se algum bem-aventurado resolveu industrializar o tempo, ótimo!, pelo visto, só nos restou, então, comeciar as retrospectivas de um ano.
O ser humano é uma obra perfeita mesmo!, veja, conseguimos transformar a retrospectiva num subproduto do comércio: serviço sem qualidade e resoluções a baixo custo, de preferência,de forma rápida e de fácil digestão. Momento de refletir? Que nada! É hora de fechar a conta e passar a régua.
E graças à cultura pop das listas, retropesctiva virou panetone e, no final das contas acabamos simplificamos ao máximo o exercício historiográfico em diversos rakings e top pareds. Passamos a cultuar as lembranças do passado de forma caricata e preguiçosamente fácil. Engraçado foi como consiguiram embrulhar um substantivo - retrospectiva -, que de pronto nos remete ao passado, de uma forma tão próxima ao adjetivo 'previsível'. Agora, essas palavras além de óbvias, quase sinônimas. Tudo o que precisamos é valorar, sob quaisquer parâmetros que nunca importam, os fatos do ano e fazer a relação.
Nessa capitalização do ano que ficou pra trás, quase que sempre o resultado final é o mesmo. Todo ano, tudo igual: todas as maiores desordens e tragédias criminais e policiais de destaque na mídia envolvem algum personagem da classe média; ribulações políticas e judiciais dos mais inéditos e inimgináveis casos de corrupção nos país dOs Bruzundangas que nos parecem sempre mais apáticas; provavelmente um grande time cai para a segunda divisão; certamente o campeão do Big Brother Brasil estará na lista das personalidades do ano, ao lado da atriz que faz a vilã da novela das oito (a mais vista dos últimos tempos), destaque também. O mundo se derretendo e a floresta queimando... e nós aqui.
Gostamos da condição de telespectadores e os especiais televisivos de fim de ano.
Não parece simples? Nada menos difícil do que a tarefa de retrospectar. Tudo muito fácil de prever. Certo cantavam os Mamonas Assassinas, uma letra de música onde começa com a pérola do óbvio ululante: "no mundo animal exeste muita putaria"... e mais pra lá a máxima:"e as vaquinhas que por onde passam deixam um rastro de bosta". Colocando o rastro da vacas mais próximo do que se imagina, quase uma analogia lulística. Original.
Diferente do que conseguimos sem interesse: tornar mais óbvio o próximo ano, aquela fatia fruto da idéia tão genial do indivíduo que dividiu o tempo.
4 comentários:
Voltou! Mais afiado que nunca heheheheheh
Xeroooo
Oi Heber, obrigada por comentar, aquela professora estava preparando sua demissão! Beijos
Gostei do estilo bem direto, parabéns cara e valeu pelo comentário lá no meu blog.
Retrospectiva de fim de ano não é assim tão ruim, vá...
Se a gente fizesse uma retrospectiva da nossa vida antes de ir dormir, talvez as retrospectivas de 31 de dezembro nem sequer existiriam...
Gostei do teu tom. É um goste ler tu.
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